Introdução
Quando escrevemos usando um chatbot, sentimos na pele o que imaginávamos passar pela cabeça daqueles personagens dos filmes de ficção de outrora — ainda mais se o fizermos da maneira correta.
Os chatbots — ferramentas baseadas em Inteligência Artificial (IA) que geram textos quase como humanos — têm ganhado destaque entre os escritores que buscam maneiras de aumentar a produtividade e estimular a criatividade. Essas soluções oferecem recursos que vão desde a geração de ideias até a estruturação de conteúdos, atendendo tanto a autores literários quanto a acadêmicos.
Embora os chatbots ofereçam novas possibilidades para os escritores, eles trazem também desafios. Afinal, a escrita humana não pode ser vista apenas do ponto de vista técnico, pois envolve sutilezas, intuição, emoção etc. Como, então, podemos tirar proveito dessas ferramentas sem perder a essência humana? Este post avalia as principais vantagens, limitações e estratégias para usar os chatbots de maneira eficiente, equilibrando tecnologia e criatividade.
Se você é um escritor experiente ou alguém que já domina os conceitos básicos da escrita, este artigo foi escrito pensando em suas necessidades. Descubra como os chatbots podem ser muito úteis para os escritores, desde a concepção de ideias até o acabamento dos seus textos.
2. O que São Chatbots e Como Eles Funcionam
Os chatbots são programas de IA desenvolvidos para ajudar na criação de textos. Pense neles como assistentes que conseguem gerar ideias, organizar informações ou até escrever rascunhos — tudo a partir de prompts ou, melhor dizendo, de solicitações simples que você fornece na forma de uma linguagem natural.
Os chatbots mais avançados atualmente são o ChatGPT, o Gemini, o Claude e o Perplexity. Há outras alternativas, porém esses que citamos são os mais reconhecidos no mercado das IAs de chatbots.
A maneira como funcionam esses chatbots é muito interessante: eles são capazes de analisar uma imensa quantidade de textos — livros, artigos e outros conteúdos da internet — para aprender padrões. Por exemplo, ao ler um trecho como “Era uma vez um reino distante onde…”, o chatbot identifica que, na maioria dos casos, o próximo passo seria descrever um lugar mágico, um personagem importante ou uma situação inicial. Isso acontece porque ele já “viu” exemplos similares em seu treinamento.
A lógica é parecida com o que fazemos em uma conversa: quando alguém diz “Hoje o dia está lindo”, o que esperamos a seguir é algo relacionado ao clima ou ao humor, porque é assim que as pessoas geralmente dão continuidade a esse tipo de conversa. O chatbot segue essa mesma lógica, mas de forma automatizada. Ele usa o que “aprendeu” para prever qual seria a próxima palavra ou ideia em um texto.
No entanto, diferentemente de um ser humano, os chatbots não entendem de fato o que estão fazendo. Eles não têm criatividade ou sentimento, como nós. Apenas combinam palavras e ideias com base nos padrões encontrados em seus treinamentos. Mas, ainda assim, os chatbots são ferramentas revolucionárias, muito úteis para a realização de tarefas práticas, embora ainda requeiram de você os ajustes necessários ou aquele toque humano, para garantir que o texto realmente tenha emoção, propósito e coerência.
Depois da leitura deste artigo, talvez você queira ler “Como escrever um romance com o ChatGPT?“.
3. Benefícios dos Chatbots para os Escritores
Os chatbots, para os escritores, são ferramentas versáteis que podem otimizar diversas etapas do processo criativo. Além de ajudarem a economizar tempo, eles trazem soluções práticas que complementam e aceleram o trabalho humano. Vamos abordar os principais benefícios que essas ferramentas oferecem.
3.1. O Fim do Bloqueio Criativo
Até o final de 2022, antes do surgimento do ChatGPT, uma das grandes dificuldades que os escritores encontravam em suas criações era o bloqueio criativo. Com o advento dos chatbots, esse problema definitivamente deixou de existir — pelo menos para aqueles que estão aproveitando esse recurso!
Os chatbots podem servir como se fossem parceiros de brainstorming, gerando ideias a partir de um simples pedido, como, por exemplo: “Liste três dilemas que um personagem poderia enfrentar ao descobrir que tem a capacidade de prever o futuro”. Como resposta, o chatbot pode apresentar alternativas que servirão como ponto de partida. E você pode seguir fazendo novas solicitações, até encontrar o tema desejado. É impressionante como as sugestões geralmente são valiosas; você ficará surpreso com a apresentação de ideias que, talvez, nem sequer passariam pela sua cabeça.
Mas não é só isso. Você pode interagir com os chatbots como se eles fossem pessoas. Embora ainda muitas pessoas usem o termo “prompt” ou “comando” — termos estes herdados das linguagens de programação —, o fato é que a interação com esses chatbots pode ser feita com uma linguagem natural, exatamente como nós humanos falamos. Aliás, é preferível que seja assim.
3.2. Organização e Estruturação
Pode ser desafiador estruturar uma narrativa ou um artigo acadêmico. Nesse sentido, os chatbots auxiliam criando esboços que ajudam o escritor a visualizar o desenvolvimento do texto. Na literatura, eles podem sugerir pontos de virada para a trama; na escrita acadêmica, podem ajudar a organizar seções como introdução, metodologia e conclusão. Se ainda não experimentou, fica aqui a nossa sugestão.
3.3. Escrita de Trechos Específicos
Os chatbots, para os escritores, também são ótimos auxiliares na criação de diálogos verossímeis ou de descrições iniciais. Se um autor literário precisa desenvolver um diálogo entre dois personagens com personalidades diferentes, pode pedir ao chatbot sugestões para agilizar esse processo. Igualmente, um acadêmico pode pedir rascunhos para introduções ou resumos.
3.4. Ferramenta de Pesquisa
Embora não substituam uma pesquisa aprofundada, os chatbots podem oferecer informações rápidas e úteis. Eles conseguem, por exemplo, descrever uma paisagem do século XIX de forma tão envolvente que podem fazer você economizar um bom tempo de trabalho. Também são capazes de resumir conceitos técnicos de maneira surpreendentemente clara e prática.
Vale lembrar que não estamos falando de qualquer chatbot. Desde o lançamento do ChatGPT, muitas empresas criaram suas próprias versões, mas o verdadeiro valor de um chatbot depende de diversos fatores: o volume de textos analisados, a diversidade e a qualidade desses textos, além do cuidado no treinamento para evitar vieses e garantir respostas precisas. Tudo isso exige um investimento significativo em infraestrutura, dados e especialistas — o que explica por que nem todos os chatbots alcançam o mesmo nível de qualidade.
Por isso é sempre recomendável optar pelos chatbots mais bem-avaliados do mercado, como os que citamos no início deste post: ChatGPT, Gemini, Claude e Perplexity. Essas ferramentas se destacam pelos recursos técnicos e pelos ouputs mais certeiros, trazendo respostas úteis, contextualizadas, não enviesadas e que atendem a uma grande variedade de necessidades na área da escrita.
4. Limitações dos Chatbots na Escrita
Embora os chatbots sejam ferramentas úteis e práticas para os escritores, é importante entender que eles têm limitações significativas. Conhecendo essas restrições, poderemos evitar frustrações e usá-las de maneira mais dinâmica e estratégica.
4.1. Chatbots Podem Produzir Textos Genéricos ou Previsíveis
Uma das limitações mais comuns é a tendência dos chatbots de criar textos que podem soar comuns ou genéricos. Isso ocorre porque, como já dissemos antes, no processo de aprendizagem, eles foram programados para “prever” sempre a próxima palavra ou frase mais provável, com base nos padrões presentes nos dados de treinamento. Como esses padrões geralmente refletem o que é mais comum ou amplamente aceito, os chatbots são programados para evitar ideias mais arriscadas ou desfechos muito complexos. Em outras palavras, eles são programados para atender ao maior público possível.
Por exemplo, numa história que contenha conflitos mais entrelaçados, se solicitarmos ajuda para a elaboração de um desfecho, o chatbot pode optar por soluções simplistas que levarão rapidamente a um “final feliz”. Por quê? Porque essas estruturas com finais felizes são as que aparecem com mais frequência nos textos que foram utilizados para o treinamento.
4.2. Dificuldades com Regras Gramaticais e Sintáticas
Apesar de parecerem fluentes, os chatbots nem sempre seguem as regras gramaticais de maneira consistente. Erros de concordância verbal, de regência ou até mesmo de pontuação podem aparecer, especialmente em trechos mais longos ou muito técnicos.
Também já dissemos que os chatbots foram/são treinados com os textos disponibilizados na internet; são textos públicos que incluem comentários em posts, em vídeos do Youtube, no Reddit, no Quora e em várias outras plataformas. Na maioria das vezes, tais comentários são redigidos em momentos de impulso emocional, nem sempre com a devida monitoração por parte de seus autores. Então, por esse motivo, no treinamento da linguagem natural, os chatbots podem também “aprender” estruturas equivocadas.
Porém, ainda que os textos usados para treinamento dos chatbots sejam também os coletados de fontes públicas, vale lembrar que os desenvolvedores têm a responsabilidade de filtrar os conteúdos inadequados, a fim de evitar possíveis vieses no processo de aprendizado. Dessa forma, cada comentário, por mais simples ou impulsivo que seja, acaba tendo um papel no aprendizado dessas ferramentas, contribuindo para que elas reflitam a diversidade e se tornem ainda mais úteis no futuro.
Por esses e outros motivos, nesse cenário, a revisão humana é e continuará sendo indispensável ainda por muito.
4.3. Os Chatbots Cometem Falta de Coerência em Textos Longos
Os chatbots podem ter dificuldade em manter a coerência e a consistência temática em narrativas mais longas ou em textos com muitos detalhes. Isso ocorre porque eles não têm uma visão global do texto, o que pode resultar em contradições ou em trechos desconexos.
Como contornar esse problema? A sugestão que damos é: divida o texto em partes menores e trabalhe neles de forma gradual. Por exemplo, em vez de pedir que o chatbot crie uma história inteira de uma vez, procure guiá-lo solicitando ideias (ou expressando as suas próprias) por partes. Esse método garantirá mais controle sobre a qualidade e a coerência do seu texto.
Se você considera interessante postarmos um artigo mostrando como fazer isso passo a passo, expresse seu desejo aí abaixo, nos comentários. Se tivermos pelo menos 3 comentários positivos, criaremos um passo a passo com exemplificações!
4.4. Os Chatbots Têm Limitações de Criatividade e de Compreensão
Os chatbots não pensam como nós humanos. Eles não têm sentimentos e não entendem o real significado das palavras geradas por eles próprios. Por isso, são incapazes de criar textos que dependem de sutilezas emocionais, de figuras de linguagem mais sofisticadas ou de mensagens que exijam múltiplas interpretações.
O que isso significa? Embora os chatbots consigam definir com precisão o significado da maioria das palavras, eles não assimilam esses significados como nós. Em contextos não habituais, como em histórias com estruturas mais complexas usando figuras de linguagem, sutilezas ou trechos com múltiplas interpretações, eles não conseguem “ligar os pontos” a fim de compreender o real sentido do texto.
5. Como os Escritores Podem Tirar o Melhor Proveito dos Chatbots
Os chatbots oferecem recursos impressionantes para os escritores, mas, para aproveitar todo o seu potencial, é imprescindível saber usá-los estrategicamente. Vejamos, a seguir, algumas dicas.
5.1. Formule prompts (solicitações) eficientes
A qualidade dos textos gerados pelo chatbot depende diretamente da clareza das instruções que fornecemos. Quanto mais específico for o seu pedido, melhores serão os resultados. Por exemplo, em vez de pedir “Escreva um conto”, experimente detalhar mais, dizendo, por exemplo: “Escreva um conto de 300 palavras sobre um personagem que descobre um segredo que muda a vida das pessoas de sua cidade.” Essa especificidade ajuda o chatbot a alinhar suas sugestões ao que você realmente precisa.
5.2. Divida o trabalho em etapas
Tentar gerar um texto longo e complexo de uma só vez pode levar a problemas de coerência e de qualidade. A solução é dividir o trabalho em partes menores, como introdução, desenvolvimento e conclusão.
No caso de um romance, você pode pedir que o chatbot sugira a estrutura geral da história, desenvolva personagens e, só depois, escreva cenas específicas.
Para artigos acadêmicos, é útil começar com o rascunho de uma introdução e avançar gradualmente para as seções mais técnicas.
5.3. Revise e personalize os textos
Nenhum texto gerado por um chatbot deve ser considerado final. Use-o como base para a criação, mas sempre revise e ajuste para garantir que o tom, o estilo e a mensagem estejam de acordo com o que você realmente deseja transmitir. Essa etapa também permite corrigir possíveis erros gramaticais e adaptar o texto ao público-alvo.
Conclusão
Os chatbots podem ser ferramentas incríveis para acelerar a escrita e oferecer novas ideias, mas não confie neles para finalizar seus textos. Se há uma etapa em que o toque humano é indispensável, é no desfecho. Conclusões exigem reflexão, coerência com o que foi desenvolvido ao longo do texto e, muitas vezes, uma carga emocional ou filosófica que os chatbots simplesmente não conseguiriam oferecer.
Por isso, use os chatbots para tarefas mais práticas: estruturar argumentos, criar esboços ou sugerir soluções para conflitos narrativos. No entanto, sempre mantenha o controle criativo ao finalizar suas obras. Ao revisar o material gerado, pergunte a si mesmo: “Esse final resolve o conflito de forma satisfatória?” ou “Esse desfecho está alinhado com o tom e a proposta do meu texto?”.
A verdadeira força dessas ferramentas está na capacidade que elas têm de facilitar o processo, deixando-o livre para que você possa se dedicar às partes que realmente vão fazer a diferença, como os desfechos e os detalhes que farão você se conectar ao seu público.
No fim das contas, o valor e a responsabilidade de um texto bem-escrito continuam nas mãos de quem escreve, e os chatbots são excelentes coadjuvantes para aprimorar tanto a sua produtividade quanto a sua criatividade.
Como perguntamos anteriormente, você gostaria que publicássemos aqui no blog um artigo com o passo a passo de como usar chatbots para escrever qualquer tipo de texto? Então, responda aí abaixo, nos comentários. Garantimos que o escreveremos se tivermos pelo menos 3 comentários! Obrigado pela leitura.