Escrever com o lado direito do cérebro significa principalmente utilizar a percepção espacial para melhorar a qualidade de nosso texto, sobretudo a construção de narrativas.
O hemisfério esquerdo do cérebro comanda a maior parte do processo da escrita e da linguagem para a maioria das pessoas; o hemisfério direito, por sua vez, está relacionado à percepção espacial, ao pensamento simbólico e à criatividade.
Desse modo, podemos elevar a qualidade do nosso texto ao explorar algumas potencialidades menos óbvias do cérebro para nos ajudar a escrever cada vez melhor. Então, vamos conhecer agora duas técnicas muito interessantes para a construção de narrativas: visualização e diagramação.
1. Visualização
Boa parte de nossas melhores ideias não chega até nós em forma de palavras, mas como uma espécie de amálgama de imagens e sentimentos. Isso acontece porque o lado direito do cérebro, o grande responsável pela criatividade, não funciona de forma linear, ou seja, os pensamentos não estão ordenados numa sequência de palavras, uma depois da outra. Assim, a ideia surge de forma visual (mesclada com outros elementos) e depois é que será convertida em palavras, graças ao trabalho do hemisfério esquerdo do cérebro.
A técnica de visualização consiste basicamente em tornar esse processo criativo mais consciente. Antes de sentar para escrever uma história ou uma cena qualquer, experimente visualizar primeiro a cena em sua mente, com a maior nitidez e riqueza de detalhes possíveis. Não é preciso ser um gênio para perceber que quanto melhor for a sua visualização, mais vívido e convincente será o seu texto. É como já dizia Platão: “Quem concebe bem, escreve bem”.
Uma solução para o bloqueio criativo
Muitos escritores que sofrem de bloqueio criativo talvez estejam, na verdade, com alguma dificuldade na etapa da visualização. Se você não consegue visualizar bem alguma parte de sua história, essa deficiência ficará evidente no seu texto. Por isso, a técnica da visualização é importante também como detector de falhas e pontos fracos na construção da narrativa.
Algumas pessoas podem ter mais dificuldade em visualizar cenários, por exemplo, enquanto outras acham mais difícil visualizar as emoções dos personagens se convertendo em ações.
Falhas de visualização: como solucioná-las?
Uma vez detectada a falha de visualização, como solucioná-la? Nada como a velha e boa pesquisa! Procure estudar o modo como grandes autores trabalham esse ponto em que sua visualização está deficiente.
Para facilitar, consideremos um exemplo prático:
Imagine uma pessoa introspectiva, cuja atenção está mais voltada para os processos internos e subjetivos do que para os exteriores e superficiais. Provavelmente, para ela, pode ser mais difícil visualizar cenários.
Nesse caso, o escritor Georges Simenon oferece um modelo de descrição de cenários muito adequado ao tipo introspectivo, pois em Simenon o cenário sempre está, de alguma forma, interagindo com os personagens, como se o próprio painel da narrativa também fosse um personagem.
Experimente detectar falhas em sua visualização e, então, pesquise as soluções afins que outros autores encontraram. Certamente, você conseguirá visualizar e escrever de forma cada vez mais eficaz, melhorando o seu processo de construção de narrativas.
2. Diagramação
O trabalho de diagramação de jornais, revistas e livros pode nos proporcionar alguns insights valiosos sobre como utilizar o hemisfério direito do cérebro para escrever melhor.
Diagramar é organizar espacialmente diversos elementos de informação (textos e imagens), de modo a facilitar o processo da comunicação, tornando-o mais atraente e funcional. Ou seja, essa atividade não é um mero ajuste estético, mas uma hierarquização dos elementos de informação: o que é mais importante deve ter mais destaque. Consequentemente, as informações secundárias devem ficar em segundo plano.
A técnica de diagramação, no contexto em que estamos trabalhando, se trata de organizar espacialmente os elementos de informação de sua história ou cena. Essa técnica é especialmente útil quando estamos com dificuldades na visualização da cena, o que certamente bloqueará também a construção da narrativa.
Nem sempre os elementos que são mais importantes para merecer destaque surgem com muita clareza, assim como os que podem ser considerados secundários ou até irrelevantes. Não existe uma fórmula fixa para estabelecer essa organização.
Por isso, vamos analisar um passo a passo que pode nos dar um panorama para servir como exemplo.
Diagramação dos elementos na cena
1. Visualize a cena em que você deseja escrever, com o máximo de detalhes que puder.
2. Divida-a em uma série de tópicos, anotando cada um em pequenos pedaços de papel.
3. Coloque todos esses papeizinhos diante de você, sobre uma mesa ou mesmo no chão, e comece a “brincar” com eles, alterando a sequência em que os tópicos estão dispostos.
4. Ao dar destaque para um tópico e desfocar outro, veja qual organização se enquadra melhor à sua história.
Seguir os passos acima certamente vai ajudar muito no seu processo de construção de narrativas e, consequentemente, no deslanchar de sua história.
Talvez Dostoiévski tenha utilizado a diagramação, ou uma técnica similar, ao escrever o seu imortal Crime e Castigo. O grande autor russo anotava trechos de cenas e nomes de personagens em pedaços de papel que ele ligava por meio de barbantes. Dizem que a estrutura chegava a ocupar todo o espaço disponível em sua casa. Isso é o que podemos chamar de uma diagramação tridimensional!
Bônus: revisão
Se você é um leitor assíduo do nosso blog, certamente já sabe o quanto a revisão de texto é importante para a produção de seus escritos. Esse processo trata de uma fase pós-textual. Isto é, depois de já ter definido toda a sua história e considerá-la “pronta”, o passo seguinte é a lapidação dos escritos, da primeira à última linha. Com o profissional certo para realizar o trabalho, você vai garantir histórias criativas e bem escritas.
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Excelentes dicas.
Bem organizadas.
Vocês tem profissionais que fazem acompanhamento de forma personalizada?
Gratidão
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