O uso da crase, geralmente, causa muita dúvida na hora de escrever. Seja pela quantidade de regras, seja pela possibilidade de exceções, o fato é que esse tipo de acento pode atormentar a vida de muita gente por aí.
Pensando nisso, fizemos uma lista com os erros mais comuns no emprego da crase para, digamos assim, dar aquela força e relembrar suas aplicações.
E, para facilitar o processo, começamos apresentando algumas definições importantes para entender melhor o conceito que está por trás desse assunto, tudo bem?
O que é a crase?
A crase nada mais é que a junção da preposição “a” e do artigo definido “a, as”. Então, a dica básica que muitos professores de Língua Portuguesa dão quando estão explicando o assunto é: trocar a preposição “a” por “ao” e o substantivo feminino por um substantivo masculino (sem prejuízo de sentido nessa substituição) mostra que o acento indicativo de crase deve ser empregado.
Por exemplo:
Fui à praia ontem.
Fui ao litoral ontem.
Percebeu como isso pode facilitar a vida na hora da dúvida? Pois é, mas, se a regra é tão fácil assim, por que tanta gente faz confusão quando precisa usar a crase? A resposta é simples: porque existem casos em que o uso é facultativo, ou ainda porque existem casos especiais.
Bom, agora que a gente já sabe tudo isso, vamos para os erros de crase mais comuns?
11 erros comuns no uso da crase
1. Antes de palavras no masculino
Uma das regras da crase é que ela não deve ser utilizada antes de palavras no masculino. Entretanto, na hora da dúvida, muita gente comete o erro justamente por não se lembrar dessa regra.
Formas corretas
Fui a pé ao restaurante.
Paguei a televisão a prazo.
2. Antes de verbos
Quando o assunto é verbo, muitas pessoas também se esquecem e acabam colocando o acento de forma equivocada.
Formas corretas
Meu irmão começou a trabalhar.
Elas estavam dispostas a terminar o jogo.
3. Nomes de lugares
Na referência de lugares, o macete a seguir também some da memória, abrindo espaço para ainda mais escorregões.
Vou a, volto da = crase
Vou a, volto de = não há crase
Formas corretas
Vou a Paris na próxima semana.
Nas férias, iremos à Europa.
4. Antes de palavras no plural
Assim como nas situações anteriores, o branco também é recorrente se o plural entra em jogo.
Formas corretas
As vagas são destinadas a pessoas com deficiência auditiva.
As histórias pertenciam a escritoras famosas.
5. Antes de pronomes indefinidos
Pronomes indefinidos (alguém, alguma, nenhuma, certa, tudo, cada) costumam deixar as pessoas perdidas, isto é, vendo crase onde não há.
Formas corretas
O professor pediu silêncio a todos.
Minha mãe se dirigiu a outra escola.
6. Entre palavras repetidas
Nas palavras repetidas, os deslizes colocando o acento também podem ser compartilhados.
Formas corretas
Colocou o remédio gota a gota em sua boca.
Ficou cara a cara com o inimigo.
7. Com a locução “a partir de”
E, nem sempre, quem usa a locução “a partir de” sabe que deixar o acento é um erro.
Formas corretas
A partir de hoje, os trabalhos estão suspensos.
O almoço será servido a partir das 11 horas.
8. Na indicação das horas
Para aqueles que precisam indicar as horas, o sufoco com o uso da crase também é garantido.
Formas corretas
Sairei às 7 horas da manhã.
Vamos sair da aula às 17h30.
9. Antes de pronomes pessoais
Com os pronomes pessoais, normalmente, falta cuidado e a lembrança da regra (não há crase antes deles).
Formas corretas
Meu pai pediu a ela um grande favor.
Os professores recorreram a mim.
10. Com a locução “à moda de”
No caso da locução prepositiva “à moda de”, muitos são dominados pela ideia do masculino e omitem o acento indicativo de crase de forma errônea.
Formas corretas
Utilizava uma escrita à Machado de Assis.
A expressão “à moda de” também pode aparecer no feminino:
Bife à parmegiana, saída à francesa.
11. Antes da palavra distância
E, por fim, quando a palavra distância está envolvida, pouca gente sabe realmente o que fazer. Assim, o importante é ter em mente que, se a distância não está determinada, o uso da crase não é preciso. Mas, se a distância estiver determinada, o uso dela passa a ser obrigatório.
Formas corretas
O radar é capaz de detectar problemas a distância.
O radar é capaz de detectar problemas à distância de 100 metros.
E para você? Como anda seu conhecimento sobre o uso da crase? Esperamos que tenha apreciado nosso artigo. Ah, nossa postagem anterior teve uma alta apreciação por parte de nossos leitores, gostaria de ler? Ela trata de 13 curiosidades sobre a língua portuguesa.
Informação adicional: se você escreve com regularidade e não tem tempo suficiente para revisar os seus textos, conte com a gente. Temos uma equipe profissional de Revisão de Textos, especializada em revisão acadêmica, literária, técnica, publicitária e de qualquer outra natureza.
Como é que enfia um acento grave aqui:
“…, volto da = crase”?
Volto da escola- NÃO
Volto da minha casa- NÃO
Olá, Maria!
Seja bem-vinda!
Não quisemos dizer que tem crase em “volta da”. O que o texto apresenta é um macete para a pessoa reconhecer se há crase em um caso específico, em se tratando de cidades e países.
Então, por exemplo:
Vou à Itália.
Dá para saber que há crase em “Vou à Itália” usando o macete “Volto da Itália”, pois há o de (preposição) + a (artigo definido feminino), indicando que a palavra pode receber artigo feminino.
Já no caso de Vou a Berlim, não há crase. Também dá para saber disso por meio do macete “Volto de Berlim”, pois o de (preposição) não pode vir acompanhado do artigo definido.
O mesmo vale a “Vou à escola” usando o macete “Volto da escola”.
Então, não há crase em “volto da”. É apenas uma maneira esperta de se fazer uma analogia que funciona ao comparar com “vou a” (aqui, sim, pode haver crase, dependendo de como aparece no texto).
Gostaria de aprender mais.
Seja bem-vindo, Edmundo! A palavra é prática: praticar mais leitura e mais escrita. Além disso, ter uma boa gramática para, sempre que for preciso, tirar suas dúvidas.
Art. 89 – No regime fechado, predominam as normas de segurança e disciplina, que cobrirão,
durante 24 (vinte e quatro) horas, a vida diária dos reclusos, que serão classificados em grupos, segundo as
necessidades de tratamento, submetendo-se às diferentes atividades do processo de ressocialização: trabalho,
instrução, religião, recreação e esporte.
Recentemente estava lendo uma lei na qual está acima. Aí, “às diferentes” não estaria contrário a norma de crases. Antes de palavras no plural crase não é permitida?
Oi, Carlison!
Só não se deve usar crase antes de palavra feminina no plural quando houver o “a” preposição antes, e não o “as”, pois aí, neste último caso, necessariamente seria preposição + artigo definido feminino plural, devendo, então, haver crase.
Por exemplo:
Submetendo-se a diferentes atividades (…)
Ou
Submetendo-se às diferentes atividades.
Ambos os usos estão corretos.
Submetendo-se à diferentes realidades e Submetendo-se as diferentes realidades: ambas estão incorretas quanto ao uso da crase.
Obrigado pelo seu comentário!
Quando o “A” está no singular a palavra posposto está no plural crase não há. Acabei confundido os conceitos. Desculpas! haha.
Usa – se crase entre uma data e outra? Ex: de 29/08 a 03/09. Leva crase ou não?
Olá, Osvaldo! Somos gratos pela sua participação. Respondendo à sua pergunta, não há crase entre uma data e outra, pois, para que houvesse crase, deveria haver um “a” preposição mais um “a” artigo, o que não é o caso.
Complementando a explicação: em caso de dias da semana também não há crase pelo mesmo motivo (por exemplo: de segunda a sexta-feira).
No caso “entre as horas”, existem duas possibilidades: sem crase (de 20h a 22h) e com crase (das 20h às 22h).
A propósito, é errado dizer “de 20h às 22h”, por uma questão de paralelismo.
Portanto, a fórmula é a seguinte: preposição + horas + preposição + horas (de 20h a 22h) OU contração de uma preposição (de) e de um artigo (as) + horas + contração de uma preposição (a) e de um artigo (as), formando crase (às) + horas (das 20h às 22h).
Mais uma vez, obrigado pelo seu comentário!
Boa tarde.
Na frase: “A XXXXX tem a missão de oferecer as melhores práticas e soluções às mais diversas empresas na área de automação industrial, a crase usada estaria correta?
Muito obrigada pela atenção.
Oi, Maricota! Seja muito bem-vinda. Sim, o uso da crase é adequado, pois há a fusão entre o “a” (preposição), pedido pela regência de “soluções”, com o “as” (artigo feminino definido plural), que antecede “mais diversas empresas”. Não há nenhum vocábulo que impossibilite a crase de ocorrer.
BOM DIA
GOSTARIA SE A CRASE NO A, NESTA FRASE ABAIXO E POR QUE?
O presente administrativo nos fora enviado para manifestação referente ao ISSQN/CC, informamos que já foi verificado a sua regularidade ás fls 106,
Por favor, Paulo, envie-nos a frase completa e sem abreviaturas. Somente dessa forma poderemos enviar sua pergunta à Revisão, para obtermos uma resposta adequada. Obrigado.
Ela se referiu à pessoa. A frase está correta com crase?
Oi, Heberty! Seja bem-vindo à Mundo Escrito. Somos gratos pelo seu comentário.
Respondendo à sua pergunta, sim, a frase está correta.
A crase ocorre porque há a contração da preposição “a”, exigida pela regência do verbo “referir”, com o artigo definido feminino singular “a”, que antecede a palavra de gênero feminino “pessoa”.
Prezados,
Em relação ao tópico 11,
Formas corretas
O radar é capaz de detectar problemas a distância.
O radar é capaz de detectar problemas à distância de 100 metros.
Todos os locais que consultei colocam crase nas duas situações.
Caro Dirceu, muitíssimo grato pelo seu comentário.
Em relação à locução “a distância”, pode-se dizer hoje que as duas formas estão corretas (isto é, tanto “a distância” quanto “à distância”). Os gramáticos mais tradicionais recomendam o uso da locução com crase apenas quando houver possibilidade de ambiguidade no contexto da frase. No entanto, modernamente há uma tendência a adotar a crase em quaisquer usos da locução (por exemplo, a Secom recomenda sempre o uso da crase em “à distância”, embora assuma não haver erro ao se fazer uso da locução sem crase).
No caso da locução “à distância de”, há um consenso entre os gramáticos e sempre haverá crase.
Há alguns anos, contudo, “a distância” era, sem dúvida, a forma mais correta de escrever a locução, de acordo com a Gramática Normativa, exceto em casos nos quais poderiam ocorrer ambiguidade.
Esperamos que esta resposta tenha sido útil. Volte sempre!
E quando não há a preposição “das”, mas está implícito?
Ex:
Local do show: teatro SESI-SP/ Horário: 18h às 20h
Essa crase no horário está correta?
Olá, Jorge Augusto! Obrigado pelo seu comentário.
A fim de que se respeite a norma-padrão da Língua Portuguesa, é aconselhável que se aplique ao caso, explicitamente, o paralelismo. Portanto, prefira sempre a construção: “das 18h às 20h”.
O exemplo que você trouxe não está errado, mas não é também a construção mais apropriada.