Este é o segundo episódio de uma série de entrevistas que fizemos com editoras brasileiras: EP 02: Editora Natesha. Nosso propósito é apresentar uma diversidade de opiniões e de experiências advindas do setor editorial. Queremos fornecer aos escritores que nos acompanham uma visão abrangente das atuais tendências e das transformações no processo de publicação.
Nossa entrevistada de hoje é a Editora Natesha (Instagram).
A Editora Natesha, criada por Fabiola Campos, se destaca no mercado literário brasileiro por sua abordagem inovadora e inclusiva, originada de projetos literários anteriores como “Pé de Poesia” e “Doce Poesia Doce”. Focada na publicação de obras de qualidade em parceria com os autores, a editora abrange desde ficção até ensaios e memórias, destacando-se pelo seu selo InclusivArte, dedicado às pessoas com deficiência. Com uma estratégia de seleção baseada na qualidade literária e na proatividade dos autores em divulgação, a Natesha se diferencia por financiar publicações por meio de campanhas de pré-venda — sem custos iniciais para os autores — e enfatiza a importância do livro digital no cenário editorial atual.
Então, sem mais, vamos logo à entrevista?
— Início da Entrevista —
Mundo Escrito (ME): Qual foi a inspiração ou motivação principal para lançar esta editora no competitivo mercado de ficção?
Fabiola Campos (FC): O sonho da Editora Natesha nasceu de alguns projetos de literatura muito legais que pudemos desenvolver no decorrer dos últimos anos. Primeiro foi o Pé de Poesia, em 2016, com a decoração de árvores com poemas impressos. No ano seguinte foi a vez do Doce Poesia Doce, que distribuiu dez mil “poesias doces” – poemas impressos embalando balas doces – em escolas, hospitais e praças. Em 2018, realizamos o Poesia de Botão, um jogo que ensina as crianças a rimar e a fazer poesia, e, nos dois anos seguintes, desenvolvemos a Gincana da Poesia, concurso com a participação de milhares de poetas. Com esses projetos, descobrimos como é possível e também maravilhoso trabalhar com literatura no Brasil. Inclusive, três desses quatro projetos tiveram sua culminância com a publicação de livros. Essa experiência foi muito rica também como uma forma de acessar os sonhos e os anseios de nossos autores brasileiros. Essa foi a grande motivação para a criação da Natesha: uma editora pequena, mas de coração grande, que está sintonizada com as aspirações literárias de seus autores.
ME: Qual é a missão da sua editora e que tipo de lacuna ou nicho vocês esperam preencher no mercado literário?
FC: Nossa missão é publicar livros com qualidade em parceria com nossos autores, de forma que cada livro publicado seja inteiramente satisfatório para todos os envolvidos: o leitor, o autor e a editora. Publicamos não apenas livros de ficção, como também ensaios, memórias e afins. Um forte diferencial da Editora Natesha é o selo InclusivArte, criado a partir do MoviMente InclusivArte, que propõe uma maneira nova de vivenciar a Arte em suas diversas manifestações, tendo como ponto de partida e elemento catalisador da expansão de consciência a perspectiva e a experiência das Pessoas com Deficiência (PcD).
DICA: Você sabia que somos uma empresa especializada em revisão de textos literários? Se precisar submeter o seu manuscrito a uma revisão profissional, mande um Whats! Teremos prazer em atendê-lo(a)!
ME: Quais critérios vocês estão usando para selecionar os primeiros manuscritos a serem publicados?
FC: Queremos autores que tenham de fato algo a dizer. A primeira abordagem que fazemos de um manuscrito é pela perspectiva do leitor. Trata-se de um texto que consegue nos empolgar como leitores? Trata-se de um autor que já encontrou sua própria voz? Só depois de respondermos afirmativamente a essas duas perguntas é que passamos a considerar o manuscrito pelo prisma editorial propriamente dito, tendo em vista o potencial comercial da obra e a amplitude do público-alvo.
ME: Quais foram os maiores desafios enfrentados ao estabelecer a editora e como os superaram?
FC: Em vez de falar dos desafios específicos, que acreditamos serem bastantes comuns em empreendimentos semelhantes, preferimos compartilhar a estratégia geral que adotamos para lidar com esses desafios. Procuramos ver cada problema que surge como uma oportunidade de aprendizado e aprimoramento. Isso se aplica tanto na jornada profissional quanto na vida como um todo. Perceber que cada desafio existe para que possamos superá-lo é uma boa maneira de manter o foco e o bom humor em meio às adversidades da vida.
ME: Há muitas editoras focadas em ficção. Qual é o diferencial da sua editora em relação às demais?
FC: Nossa proposta é publicar livros sem que os autores precisem desembolsar para custear a publicação. Isso é realizado por meio de uma campanha de pré-venda, que visa financiar a primeira tiragem do livro, o que implica uma relação de verdadeira parceria entre a editora e o autor.
ME: Como vocês definem o “perfil ideal” do autor com que desejam trabalhar neste estágio inicial?
FC: Uma vez que os livros são publicados a partir de uma relação de parceria, sem que o autor precise desembolsar nada, nosso primeiro critério é a qualidade. Nós nos apaixonamos pelos livros que publicamos na Natesha. Contudo só a qualidade literária não basta. Nossos autores devem ser proativos e empenhados na divulgação de seu próprio livro, de modo a assegurar o êxito da campanha de pré-venda.
ME: Onde vocês veem a editora em 5 anos? Há planos específicos ou metas que desejam alcançar?
FC: É importante saber diferenciar entre sonho e planejamento. Iniciar uma editora no Brasil não é uma aventura pequena, ainda mais tendo em vista o cenário de profundas transformações mundiais que vivenciamos atualmente. Dito isso, nossas metas principais estão focadas na satisfação de nossos autores e leitores. Alcançando essas metas, todo resto será consequência.
ME: Em um mundo cada vez mais digital, como a editora planeja incorporar tecnologia no seu processo editorial e de distribuição?
FC: Ao contrário da maioria das pessoas que lidam com livros, somos totalmente a favor do livro digital. Não por acaso, o primeiro lançamento da Natesha foi um E-Book. Nós amamos o livro físico, mas isso não nos impede de perceber e apreciar as características únicas do livro digital. A possibilidade do uso do hipertexto, por exemplo, proporciona inúmeras camadas de nuances à leitura, que são impossíveis de se acessar em um livro físico. Além disso, os custos de produção e distribuição do livro digital são infinitamente mais baratos que os do livro físico. Pretendemos continuar publicando livros físicos em um futuro próximo, mas estamos cientes de que os livros digitais — com todas as inovações tecnológicas que ainda estão por vir —chegaram para ficar.
ME: Vocês estão abertos a parcerias com outras editoras ou entidades para fortalecer sua presença no mercado?
FC: Sim, claro! Inclusive, queremos aproveitar para agradecer à Caligo Editora, da querida amiga Bia Machado, cujo apoio e orientações foram fundamentais nos primeiros dias da Natesha. Acreditamos que a cooperação pode ser muito mais eficaz que a competição. A Editora Natesha está de portas abertas para parcerias.
ME: Muitos escritores aspirantes podem ver em uma nova editora uma oportunidade. Que conselho você daria a eles ao se aproximarem da sua editora?
FC: É importante atentar para os detalhes. Antes de submeter o seu original a uma editora, certifique-se de ter lido o texto algumas vezes, de preferência com algum intervalo de tempo entre as leituras. Uma boa estratégia é acompanhar o envio de seu original com um Book Proposal contendo a sinopse do livro, uma minibiografia do autor e, se possível, uma breve apresentação dos méritos da obra que justifiquem a publicação. É importante que a editora perceba, por meio desses pequenos cuidados, o quanto o autor acredita em seu próprio livro.
— Fim da Entrevista —
Aos escritores que nos acompanharam nessa entrevista com a Editora Natesha, esperamos que tenham obtido inspiração e boas ideias. Cada palavra que você escreve tem o potencial de criar novas conexões e de causar impactos definidos. Editoras como a Natesha existem para apoiar e divulgar a sua voz autoral.
Se você tem um manuscrito e gostaria de submetê-lo a uma revisão profissional, conte com nossa equipe de revisores da Mundo Escrito. Somos uma empresa especializada em revisão de textos literários. Quer saber mais? Envie agora uma mensagem para o nosso WhatsApp: 62 98505-8357.
Muito boa entrevista com Fabíola, boa sorte a todos e viva a literatura brasileira.
Gratidão pela oportunidade dessa entrevista e parabéns à Mundo Escrito pelo belo trabalho que vem realizando.
Convidamos os autores interessados em publicar pela Editora Natesha a enviarem seus originais para o e-mail [email protected].
Tudo de bom e salve a nossa Literatura Brasileira!
Foi nossa honra receber a participação de vocês nessa série de entrevistas. Sucesso para vocês e para os autores que publicarem com a Natesha!
Ótima entrevista, Fabíola! A proposta da Editora Natescha vai ajudar a muitos escritores que tem bons textos mas não tem condições financeiras de publicá-los!
Avante Natesha! ❤️
Que ótimo existirem pessoas com os objetivos da Fabiola, interessantes as iniciativas talvez até pudessemos nomear de marketing, fala Sidney, dos doces e as outras ligadas à poesia. Seria bom um comentário sobre o resultado que a Natesha obteve. Também reforça o alerta aos escritores, feito pela Laura e Sidney, quanto ao engajamento dos escritores na própria divulgação. Coisa dificil mas, necessária. Parabéns pela entrevista, com certeza verei a todas as demais. Sucesso a todos.
Somos gratos pelo seu comentário, Emet! Que bom que está apreciando. Você já leu a primeira entrevista? Se ainda não, aqui está.
Parabéns por mais um grande trabalho
Quero ser uma das primeiras saborear deste delicioso trabalho