Se quer saber como fazer a análise de dados das suas entrevistas, você está no lugar certo. Vamos mostrar o passo a passo para se obter os melhores resultados nesse processo. Siga nossas recomendações e, se ficar com alguma dúvida, basta perguntar nos comentários, que garantimos que todas as dúvidas serão esclarecidas.
Parte 1 – Garanta a qualidade do material
1. Gravação das entrevistas
A qualidade da gravação das entrevistas é o passo mais importante da análise de dados. Todas as falas devem estar límpidas, pois é a partir delas que tudo o mais será desenvolvido. Com uma boa gravação, você poderá economizar tempo e dinheiro — principalmente se você vai contratar a transcrição dos áudios.
A seguir, você tem um checklist para ser utilizado em todas as suas entrevistas. Se colocá-lo em prática, os próximos passos fluirão sem dificuldades.
Dica |
Detalhamento |
Local silencioso | Fuja de ambientes ruidosos! Dê preferência a uma sala com portas e janelas fechadas. |
Baixe um app de gravação | Atualmente os smartphones já vêm com um bom gravador de voz; porém, se for necessário, baixe um aplicativo que ofereça mais recursos que talvez possam melhorar ainda mais a gravação. |
Teste antes de cada gravação | Antes de iniciar a gravação de cada entrevista, faça um teste para ver se o gravador está funcionando corretamente. |
Posição do smartphone | Deixe o smartphone em uma superfície estável, entre você e o entrevistado. Não o segure na mão, pois isso pode causar ruídos indesejados. |
Desative as notificações | Certifique-se de colocar seu telefone no modo “Não Perturbe” ou desative as notificações para evitar interrupções. |
Clareza na fala | Informe ao entrevistado a importância de falar com clareza e num volume audível, pois a entrevista será transcrita. |
Evite sobreposição de vozes | Informe também ao entrevistado a importância de evitar falas concomitantes, pois isso impossibilita a transcrição das falas. |
Carga suficiente da bateria | Garanta que seu smartphone tenha carga suficiente para toda a entrevista. Se for preciso, mantenha-o carregando durante a gravação. |
Faça backups | Ao finalizar cada entrevista, salve a gravação em mais de um local. Dessa forma, você garante que não perderá esse conteúdo tão valioso. |
2. Transcrição dos áudios das entrevistas
Depois da gravação, o próximo passo é a transcrição de todas as entrevistas. O ideal é que cada pós-graduando faça as suas transcrições, pois é quem esteve na conversa e, além disso, é quem mais sabe a respeito de tudo o que foi dito pelos entrevistados.
Entretanto, sabemos que o tempo urge. Você precisa se desdobrar para escrever a sua tese. Assim, se não dispõe do tempo que gostaria, a prioridade é a análise dos dados — e não a transcrição das entrevistas.
Então, se você mesmo não puder transcrever suas entrevistas, não pense duas vezes: contrate uma empresa especializada em transcrições acadêmicas.
Nesse sentido, gostaríamos de oferecer o nosso serviço especializado de transcrições de entrevistas acadêmicas. Fazemos isso há mais de 10 anos (desde 2010). Para saber mais, aqui está o nosso WhatsApp: 62 98505-8357.
3. Organização das Transcrições das Entrevistas
Chegamos à última parte da cadeia de cuidados em relação à garantia da qualidade do material. Você precisa conferir se todas as transcrições das entrevistas realmente foram transcritas e, também, se estão todas livres de erros. Lembre-se de que essas transcrições são a matéria-prima de seu trabalho. Todo bom produto é feito sempre com matéria-prima de boa qualidade.
Tudo conferido? Agora nomeie os arquivos das transcrições com nomenclaturas padronizadas que facilitem o seu acesso às informações de que você precisará para, enfim, poder proceder à análise dos dados.
Parte 2 – Partindo para a análise de dados
1. Familiarize-se com os Dados
Chegou a hora da leitura propriamente dita. Leia várias vezes os textos transcritos e revisados. O objetivo agora é ir se familiarizando com o conteúdo.
A familiarização com o material é um fator determinante para se fazer uma análise qualitativa. É quando se familiariza que você, gradualmente, vai mergulhando nos dados e compreendendo o que seus entrevistados estão comunicando.
Faça anotações dos temas recorrentes, das tendências e das semelhanças que surgem —também anote qualquer outra coisa que se destaque como interessante ou relevante para o objetivo da sua pesquisa. Essas anotações iniciais podem servir como base para a codificação mais formal e para a análise posterior.
2. Codificação
Para facilitar a análise dos textos, é importante adotar um recurso que permita uma visualização mais abrangente das informações ali presentes. Este recurso é conhecido como codificação.
O objetivo da codificação é segmentar o texto visualmente, mapeando-o em categorias, temas e em outras ideias específicas. Não há uma única forma de se fazer isso. Você pode usar cores, símbolos ou palavras-chave.
Vejamos um exemplo utilizando a fala de um dos integrantes de um Grupo Focal:
“Eu percebi que, quando estou estressado, tendo a comer mais fast-food. É como uma válvula de escape para mim. Mas, depois, sinto-me ainda pior. Não só fisicamente, mas mentalmente também. Por outro lado, quando consigo manter uma dieta equilibrada, sinto que minha mente fica mais clara e meu humor melhora.”
“quando estou estressado, tendo a comer mais fast-food”:
Código: “Comida como Mecanismo de Enfrentamento”
Cor: Azul
Símbolo: ⚙️ (essa catraca representa bem a engrenagem de um mecanismo)
“sinto-me ainda pior. Não só fisicamente, mas mentalmente também”:
Código: “Consequências Negativas da Alimentação”
Cor: Vermelho
Símbolo: ⚠️ (o triângulo representa bem um alerta ou uma consequência)
“quando consigo manter uma dieta equilibrada, sinto que minha mente fica mais clara e meu humor melhora”:
Código: “Benefícios da Dieta Equilibrada”
Cor: Verde
Símbolo: ✔️ (indicando algo positivo)
Texto Codificado:
“Eu percebi que [⚙️ Comida como Mecanismo de Enfrentamento], quando estou estressado, tendo a comer mais fast food. É como uma válvula de escape para mim. Mas, depois, [⚠️ Consequências Negativas da Alimentação] sinto-me ainda pior. Não só fisicamente, mas mentalmente também. Por outro lado, [✔️ Benefícios da Dieta Equilibrada] quando consigo manter uma dieta equilibrada, sinto que minha mente fica mais clara e meu humor melhora.”
3. Identificação de Temas
Para identificar os temas, você precisa agora buscar as ideias centrais e os padrões mais recorrentes. Os temas são as principais descobertas da sua pesquisa. Então, são eles que vão ajudá-lo na interpretação e na compreensão do significado dos dados que constam nas entrevistas.
É importante que todos os códigos que você atribuiu na fase da codificação já tenham sido revisados. Comece agora agrupando os códigos que se relacionam de alguma maneira. Por exemplo, códigos como “Comida como Mecanismo de Enfrentamento” e “Uso de Fast-food em Situações de Estresse” podem ser agrupados sob um tema maior. Vamos a um exemplo?
Códigos:
- Comida como Mecanismo de Enfrentamento
- Uso de Fast-food em Situações de Estresse
- Consumo Excessivo de Doces Durante Períodos de Ansiedade
Sugerimos o tema “Alimentação como Resposta Emocional“, que traduz claramente o pensamento de que os indivíduos recorrem a certos tipos de alimentos — geralmente não saudáveis — como uma maneira de lidar com seus sentimentos e emoções.
Códigos:
- Consequências Negativas da Alimentação
- Sentir-se Fisicamente Mal após Consumir Alimentos Processados
- Impacto da Dieta no Humor e na Disposição
Sugerimos, como tema, “Efeitos da Alimentação na Saúde Física e Mental“. Ele aborda as repercussões diretas e indiretas que a alimentação pode ter no bem-estar físico e mental da pessoa.
Códigos:
- Benefícios da Dieta Equilibrada
- Sensação de Clareza Mental ao Consumir Alimentos Saudáveis
- Melhora do Humor com Dieta Rica em Nutrientes
Aqui sugerimos o tema “Impacto Positivo da Alimentação Saudável“, pois destaca os benefícios percebidos de uma dieta equilibrada e como ela pode influenciar positivamente a saúde mental e o bem-estar geral.
Os temas fazem parte da apresentação e da discussão dos resultados. Eles ajudam o leitor a entender as principais descobertas da pesquisa e a significância dessas descobertas no contexto mais amplo do campo de estudo.
4. Análise e Interpretação
Chegou o momento da análise e da interpretação dos dados. Portanto, agora você deve considerar os temas que foram revelados a partir da leitura das suas transcrições. Compare-os com a literatura acadêmica já publicada. Isso o ajudará a entender se eles coincidem com pesquisas anteriores, se oferecem uma nova perspectiva ou inclusive se desafiam as noções pré-existentes.
Além disso, certifique-se de que os temas estejam correlatos com o propósito central da sua investigação. Se o seu objetivo era entender como os hábitos alimentares influenciam a saúde mental dos jovens adultos, os temas identificados devem ser analisados à luz desse objetivo. Isso garantirá que a análise permaneça focada e relevante.
Uma interpretação correta vai além da simples descrição dos temas; trata-se de buscar um entendimento mais profundo dos dados. Você deve se perguntar, por exemplo: “O que esses temas realmente significam? Eles revelam padrões específicos nos hábitos alimentares dos jovens adultos? Como esses hábitos estão relacionados à saúde mental?”.
Por exemplo, se um tema emergente é que muitos jovens adultos recorrem a alimentos não saudáveis como uma forma de lidar com o estresse, você pode interpretar isso como uma indicação da relação entre estratégias de enfrentamento e escolhas alimentares.
Além disso, considere as implicações dos temas. Se um tema sugere que uma dieta equilibrada está associada à melhoria da saúde mental, isso pode ter implicações para intervenções de saúde pública e programas de educação nutricional direcionados a jovens adultos.
5. A Visualização Facilita a Análise de Dados
Quando é possível ter uma visualização geral dos dados, a análise qualitativa se torna mais fácil. Por isso, use gráficos, tabelas e diagramas. Eles são ótimos para ajudá-lo na identificação de padrões, relações e tendências. Sem eles, muitas vezes isso seria impraticável apenas lendo o texto.
Vamos ver, a seguir, alguns exemplos de ilustrações que facilitam a visualização.
Gráficos
Os gráficos são bastante apropriados para representar a frequência ou a prevalência de certos temas ou subtemas. Por exemplo, se você identificou vários temas relacionados aos hábitos alimentares de jovens adultos e sua relação com a saúde mental, um gráfico de colunas pode mostrar quais temas foram mencionados com mais frequência nas transcrições.
Tabelas
As tabelas são úteis para organizar os dados de forma sistemática. Você pode criar uma tabela que liste todos os temas e subtemas identificados, juntamente com exemplos de citações ou trechos das transcrições que representem cada tema. Isso favorece a visão geral dos resultados e facilita a comparação entre os diferentes temas.
Exemplo:
Tabela: Temas, Subtemas e Citações Relacionados aos Hábitos Alimentares e à Saúde Mental.
Diagramas
Os diagramas podem ser usados para mostrar as relações entre diferentes temas. Por exemplo, um diagrama de fluxo pode ilustrar como certos hábitos alimentares levam a determinados estados de saúde mental. Ou um mapa conceitual pode mostrar as conexões entre os diferentes aspectos dos hábitos alimentares e suas implicações para a saúde mental.
Exemplo:
Diagrama: Tipos de Diagramas e Exemplos de Uso Relacionados aos Hábitos Alimentares e à Saúde Mental.
6. Reflexão, Escrita e Revisão na Análise de Dados Qualitativos
A nossa proposta de ajuda aos pós-graduandos, mestrandos e doutorandos, no que diz respeito à análise de dados a partir de suas entrevistas, está se completando. Resta-nos agora dizer que a reflexão é uma etapa tão importante quanto tudo que mostramos, porque é ela que permite ao pesquisador avaliar criticamente suas próprias interpretações e compreensões.
Durante a reflexão, você deve revisitar os dados e os temas identificados, avaliando a relevância e o significado de sua pesquisa. Essa introspecção ajuda a garantir que suas interpretações sejam autênticas — e não excessivamente influenciadas por preconceitos ou premissas pessoais.
Além disso, a reflexão serve para garantir o rigor e a ética do estudo; permite que o pesquisador reconheça e aborde dilemas éticos, como a inclusão de informações sensíveis. Não só isso: faz com que você identifique seus próprios preconceitos ou suposições que podem influenciar a análise. Portanto, fazendo introspecção, você assegura que os resultados sejam apresentados de forma objetiva e imparcial — claro, sempre respeitando a privacidade e a dignidade dos participantes.
A escrita
Após a reflexão, você parte para a escrita. Aqui, você documenta e articula suas descobertas, elaborando os temas e subtemas identificados. A escrita é uma oportunidade para apresentar os resultados de forma clara e coerente, relacionando-os com a literatura existente e contextualizando-os dentro do escopo de sua pesquisa. Escrevemos um outro artigo mostrando como escrever uma monografia. Vale a pena conferir!
Por fim, a revisão é igualmente importante para garantir a qualidade e a precisão do seu trabalho. Nesta etapa, você revisita o que escreveu, refinando e aprimorando o texto. A revisão permite identificar possíveis lacunas, inconsistências ou ambiguidades, garantindo que a apresentação final dos resultados seja polida e profissional.
Há dois tipos de revisão: este que falamos no parágrafo acima, que consiste em você rever o conteúdo, e o de revisão textual, o qual deve ser feito por um revisor profissional. Este, além de dominar as regras gramaticais, sabe varrer todo o seu texto em busca de frases com sentido dúbio ou frases com sentido incompleto e, se encontradas, oferece sugestões para resolver esses problemas.
Então, se precisar de ajuda com uma revisão profissional, estamos à sua disposição! Aqui está o nosso WhatsApp: 62 98505-8357.
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