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O texto dissertativo-argumentativo está incluso em um gênero textual intitulado discursivo. Como o próprio nome entrega, esses textos têm como principal característica a defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto, que pode ocorrer por meio de argumentos, de provas, de estatísticas, etc. Há dois tipos de dissertações argumentativas: a dissertação subjetiva e a dissertação objetiva. Neste artigo, falaremos especificamente a respeito da dissertação objetiva, por ser a mais comum — e também a mais exigida dos estudantes.

É importante frisarmos que abordaremos a didática envolvendo um texto dissertativo-argumentativo simples; afinal, não é possível partirmos para formulações mais complexas sem que saibamos o básico. Aqui, daremos os alicerces para que o aluno interessado possa escrever uma boa redação. Ao fazê-lo, aumentará, desse modo, suas chances de, com a prática, escrever também teses ou artigos científicos satisfatórios, indo ao encontro do que se espera de estudantes universitários.

Porém, a equipe de revisores Mundo Escrito ressalta que o domínio da Gramática Padrão é primordial na produção de textos dissertativo-argumentativos, a fim de que o aluno obtenha bons resultados — não basta apenas compreender como funciona a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo; é preciso escrevê-lo de acordo com as normas prescritivas da Língua Portuguesa. Caso tenha interesse, você pode conhecer, em nosso site, um pouco mais sobre alguns temas relacionados à sintaxe nos seguintes artigos: Colocação Pronominal; Regência Verbal e Regência Nominal.

Na dissertação argumentativa-objetiva, usamos os verbos na terceira pessoa e a linguagem em seu caráter denotativo, de modo a levar, respectivamente, impessoalidade e credibilidade ao texto. Esse tipo de dissertação é o mais pedido em provas de vestibulares e concursos.

A estruturação de um texto argumentativo-objetivo convencional segue uma lógica previamente definida: um parágrafo de introdução, alguns parágrafos de desenvolvimento e mais um parágrafo de conclusão.

De um modo geral, os temas abordados costumam ser relativos a conceituações mais ou menos universais — ou seja, que já foram bastante conhecidas e debatidas pela sociedade. Devemos lembrar que, embora a opinião do escritor que formulará o texto seja essencial, é recomendável que esta esteja em conformidade com as leis vigentes de seu país e em concordância com os direitos humanos amplamente defendidos, considerando sempre a diversidade sociocultural.

Abaixo, descreveremos mais detalhadamente a ordenação de um texto dissertativo-argumentativo que se propõe a ser objetivo.

 

Introdução

 

Na introdução — que, em redações simples, deve estar contida em apenas um único parágrafo, mas que tem a tendência a ser maior à proporção que o tamanho e a complexidade dos textos aumentam —, o autor deverá apresentar o assunto que será abordado ao longo de toda a dissertação.

Essa introdução à tese precisará ser sucinta. Todavia, recomendamos que seja também marcante. Para tal, ao escrevê-la, são bem-vindos alguns artifícios — como citações diretas de grandes pensadores; conceitos retratados na filosofia e nas artes; ou contextualizações históricas —, com o intuito de capturar a atenção do leitor e mantê-lo entusiasmado, curioso para entender como o tema será explorado.

Exemplificaremos, agora, a articulação de uma introdução, tendo como temática a contenção das guerras culturais em território brasileiro:

Segundo Sigmund Freud, a agressividade é intrínseca ao ser humano, sendo, portanto, facilmente provocada na espécie. E, dentro da sociedade brasileira contemporânea, é possível identificar, por meio das informações propagadas pelos veículos de imprensa, diversos conflitos culturais, amiúde originados pela agressividade com que as pessoas reagem a opiniões ou a estilos de vida diferentes dos seus próprios.

Desenvolvimento

 

Também denominado “a argumentação”, o desenvolvimento — que, em redações simples, deve tomar de dois a três parágrafos da produção textual, mas que tem a tendência a ser maior à proporção que o tamanho e a complexidade dos textos aumentam — é a parte da dissertação em que as ideias apresentadas na introdução serão esclarecidas e incrementadas.

O autor deverá propriamente argumentar, com o objetivo de convencer o leitor da coerência e da coesão de suas alegações. Esse é o momento no qual o autor precisará tomar cuidado para não fugir do tema proposto. Nossa sugestão é que, ao escrever o desenvolvimento, se tenha em mente que argumentações condensadas, porém bem justificadas, são superiores a argumentações diversificadas e, no entanto, pouco aprofundadas.

É mister que haja uma concatenação de ideias nos parágrafos do desenvolvimento. Para que isso ocorra, faz-se necessário que o autor da redação tenha um amplo domínio das funções semânticas e sintáticas das conjunções coordenativas e das conjunções subordinativas adverbiais, bem como das conjunções integradas e dos pronomes relativos, pois são esses conectivos que, sendo apropriadamente utilizados, darão “a liga” ao texto, permitindo que os argumentos fiquem interligados, e não dispersos.

De modo a fundamentar as ideias apresentadas, é recomendável que, se possível, o autor exponha algum dado estatístico ou algum posicionamento de especialistas sobre o tema — contudo, essas informações deverão ser verdadeiras, do contrário toda a argumentação será invalidada. Dependendo da temática, pode-se fazer uso de exemplos históricos para fins de comparação com a situação atual debatida, encontrando um ponto de interseção entre ambas as realidades — a do passado e do presente.

Exemplificaremos, agora, a articulação de um desenvolvimento, tendo como temática a contenção das guerras culturais em território brasileiro:

O famoso psicanalista austríaco afirma que, paradoxalmente à pulsão de vida, a que chama de Eros, existe no homem uma pulsão de morte, violenta e destrutiva, intitulada Thanatos. A agressividade social, seguindo a linha de raciocínio freudiana, é, assim, a exteriorização do instinto de morte presente no homem, que passa a ser projetado em um objeto ou em um sujeito, em vez de operar apenas internamente, a cumprir com a sua função de reconduzir a vida às formas inanimadas da matéria. Desse modo, a hostilidade, que ganha veemente expressão quando se manifesta nos mais variados tipos de discriminação, tem efeito mitigador, atenuando alguns dos conflitos internos que esses impulsos aniquiladores acarretam ao indivíduo.

 

No Brasil, dados estatísticos confirmam a veracidade dessa hostilidade social, que se reflete por meio de guerras culturais, reconhecidas, em âmbito político, como conflitos ideológicos. De acordo com um levantamento do Instituto Datafolha, realizado em dezembro de 2018, 30% dos brasileiros declararam terem sofrido preconceito devido à sua classe social, 26% devido à sua religião, 24% devido ao seu gênero, 22% devido à sua cor de pele e 9% devido à sua orientação sexual. De uma perspectiva psicanalítica, esses percentuais citados corroboram a questão de como o outro é muitas vezes percebido não de uma maneira singularizada e agregadora, com a diversidade nele contida sendo apoiada e até incentivada a fim de somar, mas sim de uma maneira desintegrada do todo ou inferior em relação ao grupo social dominante, sendo, então, incompatível com os interesses daqueles que, por se considerarem maioria ou por deterem poder socioeconômico, sentem-se impelidos a ditarem o que tem mais ou menos valor cultural, excluindo ou menosprezando narrativas que se contrapõem ao status quo, à homogeneidade imposta pelos costumes e pela estratificação social de baixa mobilidade.

Conclusão

 

Na conclusão — que, em redações simples, deve estar contida em apenas um único parágrafo, mas que tem a tendência a ser maior à proporção que o tamanho e a complexidade dos textos aumentam —, o autor deverá “amarrar as pontas” e finalizar seus argumentos para concluir o texto. Esse desfecho terá que ser necessariamente compatível com as ideias que vêm sendo defendidas por toda a redação e, além disso, terá que propor soluções para o problema levantado — uma resolução definitiva ou apenas uma resolução parcial, que dê um direcionamento apropriado, plausível, a fim de que a questão seja atenuada.

Exemplificaremos, agora, a articulação de uma conclusão, tendo como temática a contenção das guerras culturais em território brasileiro:

Logo, para alterar esse cenário, partindo de uma premissa psicológica, faz-se impreterível contrapor Thanatos com o seu oposto, Eros. Para tal, as instituições sociais brasileiras devem estimular vínculos emotivos entre seus cidadãos, em especial desde a mais tenra idade, educando as novas gerações a crescerem sem preconceitos. O Ministério da Educação tem um papel essencial nesse propósito, colaborando com esse objetivo através da capacitação de professores e de pedagogos inclinados a fomentarem nas escolas modelos sociais positivos de identificação entre os estudantes, visando ao despertar de sentimentos em comum, como a solidariedade e a empatia. É, também, imperioso que os Poderes Legislativo e Judiciário fortaleçam a elaboração e o cumprimento de leis que resguardem efetivamente aqueles que foram vitimados por atos discriminatórios. Outrossim, as mídias, assumindo uma conduta socialmente responsável, podem oferecer uma contribuição de grande expressão ao exortarem o intercâmbio cultural e a aceitação da pluralidade. A partir dessas atitudes, espera-se que transformações a longo prazo, mas concretas, sejam atingidas com sucesso.

Se você gostou dessas dicas para escrever um texto dissertativo-argumentativo, fique atento ao artigo que postaremos a seguir, sobre esta mesma temática. A parte II irá abordar um outro método, um pouco mais controverso, para se desenvolver um texto dissertativo-argumentativo.

 

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